Obesidade

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCMB) a obesidade é uma alteração da composição corporal, com determinantes genéticos e ambientais, definida por um excesso relativo ou absoluto das reservas corporais de gordura, que ocorre quando, cronicamente, a oferta de calorias é maior que o gasto de energia corporal, e que resulta com frequência em prejuízos significantes para a saúde.

Atualmente, é por meio do cálculo do índice de massa corporal (IMC, definido como o peso em quilogramas dividido pela altura em metros ao quadrado) que definimos se um indivíduo está ou não acima do peso ideal:

– O sobrepeso é definido como um IMC de 25 a 29,9 kg/m2;
– A obesidade é definida como um IMC de ≥30 kg/m2;
– A obesidade grave é definida como IMC ≥40 kg/m2, ou IMC ≥35 kg/m2 na presença de comorbidades*.

Mas por que perder peso?

Para prevenir, tratar ou reverter as complicações da obesidade e melhorar a qualidade de vida. Inclusive, benefícios para a saúde tem sido relatados com a perda de apenas 5% do peso corporal. Muitos pacientes, no entanto, têm uma meta de perda de peso de 30% ou mais abaixo do peso atual, uma meta que muitas vezes não é alcançável sem a cirurgia bariátrica. Portanto, é necessário alinhar a expectativa de perda de peso com cada modalidade de tratamento e o objetivo do paciente:

– Apenas com mudanças de estilo de vida, é esperada uma perda de 5-7% do peso corporal;
– Com mudanças no estilo de vida e uso de medicações, espera-se a perda de até 10% do peso corporal;
– Com uma cirurgia bariátrica pode-se alcançar uma perda de até 40% do peso corporal em 12 a 18 meses após o procedimento, com melhor manutenção da perda a longo prazo do que as abordagens não cirúrgicas.

Tratamento cirúrgico:

Cirurgia bariátrica

De acordo com a SBCMB as Cirurgias da Obesidade ou Cirurgias Bariátricas são o conjunto de técnicas cirúrgicas, com respaldo científico, com ou sem uso de órteses, designadas à promoção de redução ponderal e ao tratamento de doenças que estão associadas e/ou que são agravadas pela obesidade. Com relação ao IMC os candidatos à cirurgia bariátrica incluem aqueles com:

– IMC > 40;
– IMC entre 35 e 40 na presença de comorbidade*;
– IMC entre 30 e 35 na presença de comorbidade* que tenha obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista a respectiva área da doença. Também é obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um Endocrinologista.

É fundamental que o paciente apresente o IMC elevado e as comorbidades* há pelo menos 2 anos, tenha realizado tratamentos convencionais anteriormente, sem sucesso, ou com recidiva do peso. Essa exigência não se aplica em casos de pacientes com IMC maior que 50 e para pacientes com IMC entre 35 a 50 com doenças de evolução progressiva ou risco elevado.

Com relação à idade os candidatos à cirurgia bariátrica podem ser avaliados da seguinte forma:

– Abaixo de 16 anos: Não há estudos suficientes que corroborem esta indicação, com exceção aos casos de Prader-Wille ou outras síndromes genéticas similares, em que os pacientes devem ser operados com o consentimento da família. Por outro lado, não há dados seguros também que contra-indiquem os procedimentos ou comprovem haver prejuízos aos pacientes submetidos a cirurgias da obesidade nesta faixa etária. Recomendação: avaliação de riscos pelo cirurgião e equipe multidisciplinar, registro e documentação detalhada, aprovação expressa dos pais ou responsáveis;
– Entre 16 a 18 anos: Sempre que houver indicação e consenso entre a família e equipe multidisciplinar;
– Entre 18 e 65 anos: Sem restrições quanto à idade;
– Acima de 65 anos: Avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida, benefícios do emagrecimento. Não há contra-indicação formal em relação a essa faixa etária isoladamente.

Atualmente as cirurgias são geralmente feitas de maneira minimamente invasiva (videolaparoscópica, com ou sem assistência robótica), e tem como representantes 2 principais técnicas:

– Gastrectomia Vertical, ou Sleeve: Esse procedimento diminui a capacidade de armazenamento do estômago para aumentar a sensação de saciedade. Isso é feito por meio da redução do órgão em 70 a 80% de seu tamanho, a partir de sua transformação em um tubo (o formato original é o de uma bolsa).

– Bypass Gástrico em Y de Roux: Esse procedimento apresenta duas estratégias:

– A primeira é diminuir a capacidade do estômago para aumentar a sensação de saciedade. Isso é feito pela divisão do órgão em duas partes: o “pouch”, porção menor que receberá todo o alimento ingerido, e o “excluso”, porção maior que fica excluída do trânsito alimentar.
– A segunda é diminuir o contato dos alimentos com o intestino, para que se reduza a absorção das calorias ingeridas. Isso é feito por meio do desvio de parte do intestino delgado – que passa a ter um formato de “Y”, de modo que o alimento percorra um trajeto mais curto até o cólon (intestino grosso).

Por fim, precisamos ressaltar que a cirurgia bariátrica não se trata apenas do ato cirúrgico em si. Ela implica o acompanhamento pré e pós operatório de diversos profissionais – o que chamamos de equipe multidisciplinar e que inclui um Cirurgião, um Psiquiatra, um Psicólogo, um Nutricionista, um Endocrinologista e eventualmente outros profissionais – o uso de medicações contínuas por toda a vida, como acontece no caso dos multivitamínicos, a realização de exames e mudanças de estilo de vida. Sem desconsiderar as complicações que podem acontecer e que são inerentes a um procedimento cirúrgico de tal complexidade.

Comorbidade: Estado patológico causado, agravado ou cujo tratamento/controle é dificultado pelo excesso de peso ou que apresente cura/controle com a perda ponderal.

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